Deputado defende postura de ?independência? do PT em relação à futura gestão do PSB e, em mais um lance da briga interna, acusa filiações em ?escala industrial? no Recife
Mesmo vivenciando o luto pós-eleição
dentro do partido, o deputado federal João Paulo (PT) não deixou de
celebrar os 60 anos completados. Aproveitou a ocasião, na noite dessa
segunda-feira, para demarcar posicionamentos políticos. Disse
“estranhar” as recentes filiações ao partido em “escala industrial” no
Recife, defendeu uma postura de independência do PT municipal em
relação à futura gestão de Geraldo Julio (PSB) e, para coroar as
avaliações, colocou que a reparação do petismo local não passa por uma
renovação de lideranças. Para o “beija-mão” em ninho petista, no seu
escritório em Santo Amaro, recebeu de tudo: correligionários,
ex-aliados e até adversários políticos.
A desconfiança de João Paulo em relação
ao volume “sem precedentes” de filiações no Estado tem na mira as
movimentações para a eleição do Processo de Eleição Direta (PED), em
novembro de 2013, que elegerá toda a executiva e o diretório estadual e
municipal. Informações de bastidores dão conta de que o prefeito João
da Costa (PT) tem trabalhado para garantir que simpatizantes se filiem
ao PT, visando obter a maioria. “Estranhamente, Recife teve o maior
número de filiados, mesmo o PT tendo perdido a eleição. É um processo
que talvez não corresponda à realidade da média no Brasil. Esse cenário
mostra que o processo de disputa interna vai continuar bastante
efervescente”, avaliou João.
Desvencilhando-se das perguntas ainda
desconfortáveis do pós-eleição, o senador Humberto Costa (PT) ressaltou
que existe uma resolução nacional que estipula critérios para novas
filiações. “Para evitar que haja um processo de filiação em massa sem a
devida discussão política”, resumiu.
Em rápida passada para parabenizar o
ex-prefeito, o vice-prefeito eleito Luciano Siqueira (PCdoB) reafirmou o
desejo de que o PT municipal volte a ser um aliado do governo
socialista. Como funcionaria isso, ele se abstém. “Aí já são outros
desdobramentos”, disse. Visão contrária tem o amigo e ex-aliado
político João Paulo. “Acho que é normal diante do processo eleitoral,
quando houve uma disputa acirrada, que se tenha uma posição de
independência”, argumentou. Porém, fez questão de destacar que ficou
acordado, em conversa com Humberto, que uma postura oficial só virá
após a avaliação das eleições na reunião do Diretório Nacional, dias 7 e
8 de dezembro. “Não podemos tomar nenhuma deliberação enquanto não
tivermos a visão de tabuleiro”, disse.
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