Chegada de Cachoeira e familiares a condomínio de luxo em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) |
O bicheiro Carlinhos Cachoeira chegou à casa onde mora, em um
condomínio de luxo em Goiânia, às 2h35 desta quarta-feira (21). O carro
que transportou o contraventor entrou no local acompanhado de mais dois
veículos de familiares, entre eles a mulher dele, Andressa Mendonça.
Acusado de comandar um esquema de jogo ilegal em Goiás e no Distrito
Federal, Cachoeira ficou preso 265 dias e deixou o presídio da Papuda,
em Brasília, à 0h04, beneficiado por um alvará de soltura expedido pela
5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Depois de
sair da prisão, ele se encontrou com familiares no escritório dos
advogados, em Brasília. A informação é de um sobrinho dele, Fernando
Cunha Neto (PSDB), que é vereador em Anápolis, cidade a 55 quilômetros
de Goiânia. Em entrevista ao G1 por telefone, o político disse que o tio está "feliz e tranquilo".
Cachoeira saindo da penitenciária (Foto: Paulinho Di Rousseff/Futura Press) |
Segundo Cunha, além dele e Andressa Mendonça, viajaram até a capital
federal seis dos 12 irmãos de Cachoeira e o filho mais velho do
contraventor, um adolescente cuja idade não foi divulgada. "O que ele
[Cachoeira] quer agora é reencontrar a família e abraçar os dois filhos
mais novos", disse o político.
Condenação
Condenação
Na terça-feira (20), a 5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal condenou o bicheiro a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência, por tentar fraudar o sistema de bilhetagem do transporte público de Brasília. Os crimes foram apontados pela investigação da Operação Saint Michel.
Segundo o advogado de Cachoeira, Nabor Bulhões, o bicheiro foi solto porque tem o direito de recorrer da decisão em liberdade até o trânsito em julgado da ação (quando não há mais possibilidade de recurso). A informação não foi confirmada pelo TJ.
Antes da soltura de Cachoeira, Bulhões, conversou com a imprensa e
negou que ele tenha cometido os crimes de formação de quadrilha e
tráfico de influência. Segundo o advogado, que afirmou que vai entrar
com recurso contra a condenação, o fato de Cachoeira já ter sido mantido
preso preventivamente pode facilitar o cumprimento da pena imposta.
"Como ele já cumpriu cerca de seis meses (sic) de prisão, que
corresponderia a praticamente um sexto da prisão imposta, ele não
cumpriria prisão em regime semiaberto, mas em regime aberto", afirmou
Bulhões.
Operações
Operações
Cachoeira foi preso no dia 29 de fevereiro, durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que apurou o envolvimento de agentes públicos e empresários em uma quadrilha que explorava o jogo ilegal e tráfico de influência em Goiás.
Andressa Mendonça aguardou saída do marido em carro em frente à Papuda (Foto: Felipe Néri) |
A Saint Michel é um desdobramento da Operação Monte Carlo, feita pela
Polícia Civil do Distrito Federal. Segundo a investigação, ele tentou
forçar uma dispensa de licitação para a contratação de um sistema de
bilhetagem de origem sul-corena no DF.
Já preso pela Monte Carlo, o bicheiro teve um novo mandado de prisão expedido pela Operação Saint Michel. Em outubro, ele obteve um habeas corpus relacionado às investigações da PF, mas continuou preso em razão do mandado expedido pela Saint Michel.
Cachoeira é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no
Congresso Nacional, que investiga as relações dele com políticos e
empresários. O relatório final da CPI deve ser apresentado nesta quarta
(21).
Defesa de Cachoeira
O advogado Nabor Bulhões afirmou que com a soltura de Cachoeira, "começa-se a fazer Justiça". Ele afirmou crer que, na segunda instância, a decisão da condenação poderá ser revertida.
"A defesa vem sustentando que o decreto de prisão preventiva não se
justificava porque se houvesse condenação, em razão da pouca gravidade
do risco, não haveria risco. [...] Obviamente que a defesa espera que
isso se reverta no tribunal. Espero reverter, estou absolutamente
convicto."
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