Estudo mostra que ter sangue A, B ou AB pode aumentar em até 20% o risco de desenvolver a doença
A trombose ocorre quando um coágulo se forma nos vasos sanguíneos (Thinkstock) |
Os tipos sanguíneos A, B e AB o podem ser os principais fatores de
risco para a trombose venosa representando 20% do risco de desenvolver
essa doença. Esse é o principal resultado de um estudo desenvolvido na
Universidade de Copenhagen e publicado nessa segunda-feira, no periódico Canadian Medical Association Journal (CMAJ).
Conheça a pesquisa
TÍTULO ORIGINAL: Risk of venous thromboembolism and myocardial infarction associated with factor V Leiden and prothrombin mutations and blood typeONDE FOI DIVULGADA: periódico Canadian Medical Association Journal (CMAJ)
QUEM FEZ: Birgitte F. Sode, Kristine H. Allin, Morten Dahl, Finn Gyntelberg e Børge G. Nordestgaard
INSTITUIÇÃO: Universidade de Copenhagen, Dinamarca
RESULTADO: Pessoas com tipo sanguíneo A, B ou AB têm 20% mais risco de desenvolverem tromboembolismo venoso. Enquanto a mutação no fator V Leiden correspondeu a 10% do risco, e a protrombina a 1%.
A trombose é a formação de um coágulo nos vasos sanguíneos de um
indivíduo. Ela pode ser venosa, ou seja, ocorrer em uma veia, ou
arterial, quando uma artéria é bloqueada pelo coágulo. No caso da
trombose venosa, o coágulo pode se desprender e atingir o coração, de
onde passa para os pulmões, podendo obstruir artérias pulmonares,
causando morte súbita. Nesse caso, a trombose passa a ser chamada de
tromboembolismo venoso.
Os pesquisadores analisaram dados de 66.001 pacientes, acompanhados por
33 anos, de 1977 a 2010. Além dos tipos sanguíneos A, B e AB, foram
encontradas duas mutações genéticas relacionadas ao aumento do risco de
trombose venosa. A primeira delas, denominada fator V Leiden R506Q, está
relacionada a uma interferência na atuação da proteína C, o que causa
predisposição à trombose. A segunda mutação ocorre no gene responsável
pela formação da protrombina G20210A, proteína que atua na coagulação do
sangue.
Enquanto o tipo sanguíneo foi responsável por um quinto do risco de
desenvolvimento de tromboembolismo venoso, a mutação no fator V Leiden
correspondeu a 10% do risco, e a protrombina a apenas 1%.
Existem dois tipos de mutações que podem ocorrer no gene responsável
pela produção da protrombina. No primeiro, apenas um dos dois genes
envolvidos no processo apresenta a mutação, de forma que a produção
dessa proteína relacionada à coagulação aumenta em 30%. Caso os dois
genes sofram a mutação, esse aumento é de 70%. Nesse último caso, o
risco de portadores dessa mutação desenvolverem trombose venosa é 11
vezes mais elevado.
Para os autores, esses resultados sugerem que o tipo sanguíneo, de
acordo com o sistema ABO, deve ser incluído em exames genéticos para o
diagnóstico de trombofilia, propensão ao desenvolvimento da trombose.
Apesar de o estudo ter sido realizado apenas com dinamarqueses, os
autores acreditam que os resultados podem ser estendidos para a
população de forma geral, uma vez que os fatores genéticos estudados são
comuns a todas as etnias.
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